Discurso de saudação ao acadêmico José Bezerra

12/12/2015
  • Senhor Jorge Henrique Vieira Santos, Presidente da Academia Gloriense de Letras,
  • Ilustres acadêmicos, autoridades, minha família, demais convidados presentes,
  • Senhoras e Senhores,

A Academia Gloriense de Letras, nesta memorável noite reúne-se, solenemente, para acolher e empossar um novo membro: o acadêmico José Bezerra Lima Irmão, que ocupará a cadeira nº 03 de membros correspondentes, patroneada pela ilustre gloriense Sra. Cleudice Tavares Lima.

Com grande prazer fiz a indicação de seu nome, (ressaltando: o cara é potência) para a ocupação efetiva desta cátedra para a qual foi eleito com consagradora unanimidade.

Caro padrinho, amigo e, agora, confrade, cumprimento-o e dou-lhe as boas vindas em nome de todos os membros da Academia Gloriense de Letras. Faço-o por ter sido honrada com a designação de nosso presidente Jorge Henrique Vieira Santos.

Esta noite, plena de significados, para nós pode ser resumida com uma palavra tão singela quanto emblemática: agradecimento. Agradecimento a Deus, sobretudo, que nos concede força, serenidade e perseverança para superar as dificuldades e continuar fazendo o caminho, e o caminho, é sabido, se faz caminhando; e agradecimento a todos que trilham este caminho, na prosperidade e na dificuldade. Estrada construída com a humildade própria daqueles que têm a consciência de que nada - simplesmente nada! - se edifica sozinho, mas em parceria, com sinergia e espírito coletivo.

José Bezerra Lima Irmão constrói, em sua trajetória pessoal, uma formidável história de relações sólidas por onde passa. Na sua infância, era conhecido como Zé de Pastora, nasceu em Alagadiço, município de Frei Paulo.

Filho de Manoel de Pastora, pelo lado materno, pertence à família Bezerra - sua mãe, Pastorinha Bezerra, era prima carnal de Filemon Bezerra Lemos e de Cícero Bezerra Lemos.

Aos cinco anos, sua família se mudou para a Barra das Almas, no município de Glória, e depois para o povoado Piabas. Ainda menino, por intermédio de seus pais, estabeleceu uma forte amizade entre os meus pais e os meus avós paternos. Seus pais eram procedentes da região das serras de Frei Paulo, nas zonas de Alagadiço e Serra Redonda, de onde eram originários também os meus avós, conhecidos por Dona Candinha e Seu Francisco da Cabeça da Vaca, que eram originários da região conhecida como Marias Pretas, ao norte do Alagadiço. Eles já se conheciam lá, e com a mudança para Nossa Senhora da Glória reataram os laços de uma amizade sólida, que se perpetua até hoje em seus descendentes. É padrinho de apresentação de meu tio Manoel, tinha de 6 para 7 anos de idade quando o batizou. Também solidificou amizade com meu avô materno, que, todos os sábados, impreterivelmente, ia visitá-lo na rua Capela e depois Men de Sá. Depois, já adulto e casado, trabalhando no Banco do Brasil, batizou-me. E, até os dias atuais permanece essa amizade incondicional e sincera com o meu pai, Zé de Candinha, minha mãe Maria Zilda e demais familiares.

José Bezerra foi aluno da professora Cleudice Tavares. Foi seminarista, no tempo do padre José Amaral de Oliveira. Mora atualmente em Salvador, mas promete voltar para Sergipe, assim que se aposentar. O apego e zelo por tudo quanto faz, o leva a, atualmente, com 51 anos de serviço, ainda não ter se aposentado, e continua trabalhando com o mesmo afinco de um novato. Esse talvez seja o seu grande defeito, se é que isso é um defeito: ser perfeccionista.

Foi funcionário do Banco do Brasil, trabalhou na Petrobrás, na Prefeitura de Aracaju, foi, por três anos, Fiscal de Rendas de Sergipe, e atualmente é Auditor Fiscal do Estado da Bahia.

É autor do texto do Regulamento do ICMS do Estado da Bahia, que vigorou de 1997 até 2012. Também é autor do Manual de Fiscalização de Tributos do Estado da Bahia. É ainda co-autor do Regulamento do Processo Administrativo Fiscal e do Código Tributário do Estado da Bahia. É, atualmente, membro do conselho de contribuintes do Estado da Bahia, órgão que julga processos administrativos da área tributária.

Fora da área jurídica e dos temas tributários, José Bezerra é pesquisador do cangaço e de tudo o que diz respeito à História do Nordeste, envolvendo as figuras fantásticas de Padre Cícero, Antônio Conselheiro, José Lourenço, Severino Tavares e Quinzeiro, e os trágicos episódios de Canudos, Caldeirão, Pau-de-Colher, Serra do Rodeador e Pedra Bonita do Reino Encantado ou Pedra do Reino.

Percebe-se que, ao longo de sua vida, Zé Bezerra cometeu vários atrevimentos. Mas julgo que nenhuma das ousadias superou a audácia de quase violar o túmulo de Lampião e seus cangaceiros e pedir-lhes: conte-me tudo.

José Bezerra passou onze anos pesquisando e escrevendo sobre Lampião. Terminou escrevendo um imenso tratado sobre o cangaço. Quando se busca, na internet, algo sobre Lampião, todo comentário recai sobre o livro "Lampião - a Raposa das Caatingas".

A obra tem exatamente 736 páginas. Conta toda a vida de Virgulino Ferreira, o Lampião, contextualizada ao linguajar da época, descreve, nas entrelinhas, o contexto histórico, de modo poético, numa linguagem linda, leve e atraente. Não há contestação ou crítica negativa ao seu livro que, em apenas um ano, já está na segunda edição, e, nestes dias, sairá a terceira edição.

Volto a frisar, a celebração de hoje tem para mim um caráter muito especial: significa muito mais que a data de terceiro aniversário da AGL; define, antes, a celebração do êxito de nossa agremiação cultural de trazer para o nosso quadro acadêmico um homem que sempre admirei, com quem sempre me alegro, mesmo nos encontrando esporadicamente. Homem de compromissos com uma causa e uma missão, com valores que dão sentido à nossa existência enquanto pessoa.

Este, o José Bezerra, que tenho a honra de apresentar aos meus confrades da Academia Gloriense de Letras. Um nordestino como nós; um sertanejo como nós; um sergipano como nós; ligado por laços de família, de afeto e de amizade a esta cidade de Nossa Senhora da Glória, antiga Boca da Mata, como os nossos pais a chamavam.

Aqui estão presentes sua irmã, Donana Bezerra, seu cunhado e primo, seu Carlos Rezende, e seus sobrinhos e sobrinhas. E presente está aqui também a família Sales, que se orgulha de seus laços de amizade fraterna e perene com a família do saudoso Manoel de Pastora e da saudosa Pastorinha Bezerra, compadres de meus avós, que, em espírito, aqui, com certeza, também estão presentes e felizes, como nós, igualmente, estamos felizes.

Enfim, senhoras e senhores, meus confrades, minhas confreiras, José Bezerra, nesta noite histórica, recebe a pelerine da nossa "Gloriosa Academia Gloriense".

Por saber existir nesta academia um ambiente de alta densidade intelectual e de sincera amizade, estou certa de que José Bezerra tem muito a oferecer e honrará o compromisso de depositar na AGL tudo o que aprendeu. Será um instrumento de agregação e de harmonia no nosso sodalício, e tudo fará para engrandecê-lo.

Reafirmo, não é só o Bezerra que deve ser parabenizado nesta noite. Também está de parabéns a Academia Gloriense de Letras, por inscrever no seu quadro de Membros Correspondentes a figura do escritor José Bezerra Lima Irmão, nosso conterrâneo, gloriense de coração!

A missão permanece clara e incessante: agregar pessoas que estejam dispostas a lutar com dedicação, mesmo nos percalços e dificuldades próprios do mundo corporativo, mas também com muitas conquistas e realizações, das quais muito nos orgulhamos.

A AGL se orgulha de enfrentar e vencer os desafios. A ela aplica-se plenamente a reflexão do teólogo inglês William G. Ward:

"Há os que se queixam do vento, os que esperam que ele mude e os que procuram ajustar as velas".

Não desejo cansá-los mais do que já o fizemos, mas não podemos nos furtar a dizer mais algumas palavras a respeito do sentimento que nos anima nesta noite de festa: a alegria.

Shakespeare escreveu:

"Sofremos demasiado pelo pouco que nos falta e alegramo-nos pouco pelo muito que temos".

Contrariamente ao que dissera o dramaturgo inglês, quero, neste momento de celebração, dizer que temos muitas razões para estarmos felizes. A felicidade e a alegria de participar da construção e pertencer a Academia Gloriense de Letras.