Discurso de saudação ao acadêmico Joelino Dantas

09/07/2016
  • Senhor Jorge Henrique Vieira Santos, digno Presidente de Academia Gloriense de Letras, em cujo nome cumprimento a todos os integrantes da mesa;
  • Senhor Domingos Pascoal de Melo, neste ato representando a Academia Sergipana de Letras, em cujo nome cumprimento todos os confrades das nossas coirmãs aqui presentes;
  • Ilustres acadêmicos, autoridades, aos familiares, caros amigos,

Sinto-me lisonjeada em me ser dada a honra de recepcionar um educador gloriense, amante das letras e do eterno saber, cuja busca pelo aprofundamento na arte de conhecer fez que mergulhasse no caminho da poesia. Sua vida é marcada pelo desejo de compartilhar as fontes do conhecimento com alunos de diversas gerações, que mergulharam nas águas da subjetividade e se renderam às diversas manifestações das artes.

Sua inspiração é contagiante e inesquecível. O suspiro do amor pelo ensino e a entrega ao ato de educador fizeram deste professor alguém respeitado por seu profissionalismo e paixão pela arte de ensinar. Docente, educador, poeta, escritor, mas principalmente professor. Professor por mérito, dom e decisão.

Nós, que fazemos AGL, teremos um aliado na tarefa de fazer conhecer a cultura do sertão. Essa aliança fortificará nossa academia que se sente honrada com a sua vinda.

O ilustre acadêmico que apresento a todos nesse momento é reconhecido entre seus alunos, professores, escritores e artistas da nossa região.

JOELINO DE OLIVEIRA DANTAS nasceu em 10 de julho de 1957, na Fazenda Pau de Cedro, município de Nossa Senhora da Glória. Filho de Esmeralda de Oliveira Dantas e Jonas de Oliveira Dantas, seus pais tiveram 15 filhos e, assim como os demais, Joelino dedicou sua infância e juventude à lida da terra e do gado. Não teve oportunidade de estudar em sua tenra idade, pois à maioria das crianças sertanejas, principalmente do sexo masculino, era proibido estudar. Seus pais necessitavam da mão-de-obra da grande prole, para cuidar da pequena propriedade e, assim, manter o sustento do lar.

Aos 14 anos, teve acesso ao programa do Governo Federal, MOBRAL, e, assim foi alfabetizado, mas somente aos 18 foi matriculado na 2º série primária no Educandário São Francisco de Assis, em Nossa Senhora da Glória, em que foi aluno da professora Elenita Andrade, que marcou a trajetória de vida e profissional de um aluno vaqueiro que encontrou nela o estímulo de que precisava.

Fez o 3º e 4º na Escola da Paróquia "Dom José Vicente de Távora". Posteriormente, migrou para o Colégio Cícero Bezerra, onde fez a 5ª e 6ª séries. Deu continuidade aos estudos no Colégio Diocesano, de Propriá. Lá terminou o ginásio e fez o magistério. Apesar de ingressar na escola em idade imprópria, sempre se destacou pela dedicação e criatividade.

Casou-se e teve duas filhas: Julianna de Lima Dantas, formada em biologia/UFS, e Joanna de Lima Dantas, formada em geografia/Unit. Hoje é o avô orgulhoso do primeiro netinho, João Paulo Lima Dantas.

No entanto, a trajetória do professor Joelino não ficou restrita às salas de aula. Sua luta pelo social iniciou na juventude. Em 1979, ao lado de Guido Michel, José Porfirio, entre outros, fundou o principal Grupo de Jovens criado em Glória, e que realizou campanhas solidárias, mutirões nas construções de casas populares, organização de peças teatrais, participações nas liturgias da missa, sempre, sob a coordenação do Patrono-Mor dessa Academia de Letras, o ilustre Padre Leon Gregório, com qual manteve longos anos de amizade.

Foi também seminarista com os Irmãos maristas, de 1980 a 1983. Sempre bem relacionado e dedicado a estender laços enriquecedores com seus amigos, no começo da década de 1980, trabalhou nas CEBS (Comunidades Eclesiásticas de Base) ao lado do Bispo Dom José Brandão de Castro, com o qual conservou também grande amizade. Nesta época, foi funcionário do MEB (Movimento de Educação de Base) onde, como supervisor, conheceu e participou profundamente dos movimentos das CEBS, na Diocese de Propriá.

Em 1985, obteve aprovação no primeiro vestibular da UFS, no curso de Licenciatura Curta em Estudos Sociais. Antes, porém, em 1984, já era diretor da Escola Municipal Pedro Chaves, de Propriá. Dois anos mais tarde, efetivou-se na rede estadual, ainda como professor em nível pedagógico. De 1987 a 1988, lecionou no Colégio Cícero Bezerra e no Colégio Tiradentes. Neste mesmo ano, em junho, foi aprovado no concurso público da Secretaria da Educação do Estado de Sergipe, onde permaneceu até sua aposentadoria em 2014.

De 1989 a 1991, trabalhou com grupos de jovens e de São José Operário, na Paroquia do Bairro Soledade, em Aracaju. Foi no ano de 1989, que Joelino Dantas migrou definitivamente para a Capital, onde trabalhou em diversas escolas, como a Barão de Mauá, Jackson Figueiredo, Paulo Freire, entre outras, lecionando, e, às vezes, assumindo funções de coordenação ou direção.

Manteve-se sempre empenhado nos estudos, atualizando-se permanentemente e, em 1999, concluiu o curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, pela Faculdade Pio X. Depois disso, em 2002, fez sua pós-graduação em Planejamento Educacional, pela Universidade Salgado de Oliveira, no Rio de janeiro.

Paralela à sua carreira no magistério, mergulhava nas letras. Em 1983, publicou uma mensagem a Dom Oscar Romero, Arcebispo assassinado em El Salvador, no jornal Defesa, da Diocese de Propriá. No ano seguinte, publicou de maneira artesanal 500 exemplares do livro "Histórias que ouvi e escrevi", que foram vendidos nas escolas em Propriá. Selecionado pelo jornal Mundo Jovem, de Porto Alegre/RS, teve seu poema "Acorda Brasil" publicado numa das edições de 1988.

Foi homenageado, em 2006, no projeto "O Poeta, o Vinho e o Violão", do Sesc/Centro, em Aracaju, e participou de diversos recitais poéticos.

Aposentado, volta às atividades culturais em sua terra natal. Em setembro de 2015, participou das ações do Encontro Gloriense de Escritores, evento cultural de sucesso idealizado pelo nosso confrade Lucas Lamonier, que culminou com o lançamento da antologia "Um Sertão de Escritores, Uma Glória de Leitores". Neste mesmo ano, intensificou sua atividade nas rodas literárias. Em novembro, participou do Encontro Monte-alegrense de Escritores, outro evento de sucesso, este idealizado pelo nosso confrade Carlos Alexandre, onde fez palestras para os alunos sobre produção literária. Em 16 e 17 de outubro, lançou seu Livro "DAS CINZAS, UM GRITO DE ESPERANÇA" na III Bienal do livro em Itabaiana/SE. Em dezembro, participou da I FLISE - Feira Literária de Aracaju/SE e integrou a Antologia Poética de Sergipe, publicada pela nossa coirmã, a Academia Sergipana de Letras.

Já iniciou este ano de 2016 com intensa atividade. Em janeiro, participou do Festival Cultural de Laranjeiras e fez o lançamento de seu livro em Glória, onde foi acolhido com a casa cheia. Em maio, participou do I Encontro Sertanejo de Escritores, em São Miguel do Aleixo/ SE, com a poesia "Fazenda velha". Tornou-se ainda um assíduo participante do movimento "O Escritor na Livraria", idealizado pelo querido confrade Antônio Saracura, da Academia Itabaianense de Letras, e que acontece mensalmente na Escariz, em Aracaju.

E, finalmente, agora, assume a cadeira nº 15 de membros efetivos da nossa querida Academia Gloriense de Letras. Temos o privilegio de tê-lo como membro, e, para mim, é uma grande honra poder recebê-lo e dar-lhe as boas-vindas. Assim, receba o carinho desses confrades e junte-se à missão de criar possibilidades e caminhos para a arte.