Discurso de saudação à acadêmica Josefa Alice de Andrade Oliveira

31/08/2019

Excelentíssimo Senhor Professor Lucas Lamonier Silva Santos, muito digno Presidente da Academia Gloriense de Letras (AGL), na pessoa de quem manifesto a minha admiração aos demais componentes da Mesa;

Excelentíssimo Senhor Professor, José Bezerra Irmão insigne Membro Fundador da Academia Literária do Amplo Sertão Sergipano, em cuja pessoa saúdo as confreiras e os confrades de outras coirmãs;

Excelentíssimas Autoridades presentes e representadas,

Meus cumprimentos especiais aos neoacadêmicos e homenageados desta noite.

Prezadas Senhoras, Prezados Senhores,

Boa noite!

Com alegria, agradeço ao Presidente da Academia Gloriense de Letras pelo privilégio de ser escolhida para relatar a grandiosidade da neoconfreira que escreve contos e peças teatrais, JOSEFA ALICE DE ANDRADE OLIVEIRA - JANETE OLIVEIRA, como é conhecida por todos nós, que nesta noite ímpar adentra esta tão significativa Instituição Literária Cultural como Membro Honorário ocupante da cadeira número 03.

Primeiramente, inicio citando o livro do Eclesiastes, capítulo 3, versículo 1, em que está escrito que "Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus", o que expressa a determinação de que, ao seu próprio tempo, tudo vem a termo e se consuma.

É oportuno lembrar que me sinto muito feliz por ser Membro Efetivo da Academia Gloriense de Letras (AGL) e Membro Fundador da Academia Literária do Amplo Sertão Sergipano (ALAS). Como escritora, busquei um pensamento no meu livro O Espelho da Felicidade que traduz o sentimento de alegria que ora me toma: "Tudo que enobrece o homem pode se chamar felicidade".

Josefa Alice de Andrade Oliveira nasceu no dia 14 de julho de 1939, em Macambira, Sergipe. Filha caçula de Otávio da Costa Andrade, comerciante de pequeno armazém de secos e molhados, e de Maria Alice Andrade Oliveira, prenda do lar. Janete começou a estudar aos sete anos de idade em uma escola pública denominada Educandário São Francisco de Assis e teve como professora a sua querida madrinha de batismo Lindaura Dantas de Jesus, formada na Escola Normal em Aracaju.

Foi no tempo da sua infância que a neoacadêmica começou a cultivar o seu jardim artístico, incentivada também por sua amada madrinha.

O gloriense Erivaldo Alves Oliveira, auditor do Estado de Sergipe, que depois passou a auditor Federal, foi trabalhar em Macambira; ele e Janete se apaixonaram e começaram a namorar. Ela contava com 14 anos de idade, e o namorado tinha o dobro da idade dela. Os pais de Janete se preocuparam muito. Para casar mais rápido à moda da época, era fugir, e assim fizeram. Foram morar em Campo do Brito. Ela no auge da adolescência, aos 15 anos de idade. Quando os pais se familiarizaram com a realidade, o casal voltou a residir em Macambira. Essa mulher tranquila e talentosa já bebia da água da arte e ser prenda do lar somente não bastava.

Em 1957, os cônjuges foram morar em Porto da Folha, na abençoada terra dos buraqueiros, onde realizaram grandes sonhos e tiveram o primogênito, José Carlos Oliveira. Janete criou seu primeiro grupo de teatro e apresentou a sua primeira encenação denominada de Martírio de Santa Filomena. É mãe de mais três filhos: Ulisses Alves Oliveira Neto, Francisco Oliveira da Paixão e Everaldo Alves Oliveira. Aos poucos a família foi crescendo, e hoje Janete tem oito netos, uma neta e duas bisnetas.

A recipiendária faz da sua mente criadora a matéria-prima que dá asas ao saber fazer da arte, estrela com direito à celebração do seu esplendor, como bem assinalou a atriz norte-americana Marilyn Monroe: "Todo mundo é uma estrela e merece o direito ao brilho".

Diversas peças teatrais foram exibidas por onde Janete passou. Faço referência a estas, além da já citada Martírio de Santa Filomena: Sofrimento de órfão abandonado, Paixão de Cristo, São Francisco de Assis, Não às Drogas, Prostíbulo, Escrava Isaura...

Os vestígios da trajetória de vida dessa mulher tiveram e têm contribuído de forma relevante no campo da cultura e da arte em todas as cidades em que morou: Macambira, Campo do Brito, São Domingos, Porto da Folha, Nossa Senhora da Glória, Feira de Santana (BA) e Buritirama (BA). Com a aposentadoria do esposo, ficaram um tempo em Aracaju, depois retornaram para Nossa Senhora da Glória. E, com a morte dele, o mundo de Janete desmoronou, pois seu casamento sempre foi abastecido de amor e felicidade. Depois de viúva, resolveu voltar a morar em sua terra natal, mas não se adaptou, uma vez que a maior parte dos seus entes queridos não existia mais. Assim, voltou a morar no seu segundo torrão, e Nossa Senhora da Glória a recebeu de volta de braços abertos.

Não é demais salientar que os pilares da vida de Janete Oliveira foram fincados em terras glorienses. Mulher de oração, de uma índole invejável, temente a Deus. Como escreveu o religioso dominicano Henri Dominique Lacordárie, "A oração é o ato que coloca as forças do céu à disposição dos seres humanos".

O selo de qualidade de Janete está no seu coração carismático que pulsa humildade e simplicidade. Valho-me, aqui, do pensamento de Zíbia Gaspareto, o qual diz: "O carisma é a expressão da alma. Quando a alma fala, sua essência espiritual e divina se manifesta e a pessoa brilha, conquista e aparece".

Josefa Alice de Andrade Oliveira é cidadã gloriense desde 2001, título concedido pela Câmara Municipal de Nossa Senhora da Glória na gestão do ex-prefeito José Israel de Andrade (Zico), graças às contribuições dela para o resgate das tradições culturais de nosso município desde o ano de 1970.

Em 1997, a neoconfreira foi Diretora da Cultura na gestão do ex-prefeito Sérgio Oliveira da Silva. Revitalizou o grupo de reisado, organizou diversas festividades culturais, valorizou o folclore e tornou visíveis as tradições locais. A importância dessas iniciativas é inestimável, pois sabemos que as coisas artísticas se dirigem amplamente à cultura do povo, como um registro histórico, ainda mais porque os valores são levados como herança para gerações futuras, e as impressões se eternizam no tempo.

Janete há mais de uma década presidiu o Apostolado da Oração - movimento da Igreja Católica; foi Ministra da Eucaristia, e com amor integra a equipe de eventos da Paróquia de Nossa Senhora da Glória.

Pois bem, em 12 de setembro de 2015, a Academia Gloriense de Letras prestou homenagem de gratidão por todo trabalho de resgate dos valores históricos vindos desde Boca da Mata - Nossa Senhora da Glória - a Josefa Alice de Andrade Oliveira, presenteando-a com uma Medalha e o Certificado de Honra ao Mérito.

Diante de tudo isso, a Academia Gloriense de Letras, atraída pela cultura, pela arte e pela literatura, além de ressaltar o progresso que pode atingir todas as camadas sociais, desata o laço do reconhecimento justo e merecido e empossa como Membro Honorário Josefa Alice de Andrade Oliveira, na cadeira número 03, com as honrarias necessárias.

Podemos dizer, com muita propriedade, que a mesa da cultura literária deste Egrégio Sodalício está sendo ocupada de forma progressiva. Os assentos são para aquelas pessoas que agem com a consciência crítica. E é gratificante ver entre os pares desta Augusta Arcádia jovens que estão fazendo a diferença no campo literário tomando posse nesta noite.

Janete, seja bem-vinda a esta Tertúlia Acadêmica que a recebe fraternalmente de braços abertos, sentindo-se enriquecida e orgulhosa com a sua presença.

Obrigada!