Discurso de despedida da presidência da AGL

10/12/2016

DISCURSO DE DESPEDIDA DA PRESIDÊNCIA DA AGL (QUADRIÊNIO 2012-2016)


Digníssimas autoridades,

Familiares, amigos, convidados e homenageados,

Minhas confreiras e confrades,

Senhoras e senhores,

Glorienses,


O grande poeta da nossa Língua, Carlos Drummond de Andrade, num de seus magistrais poemas, nos faz refletir sobre as fatias do tempo. Dizia ele:

"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial"

Com certeza, como assegura o poeta, fatiar o tempo serve para industrializar a esperança e fazê-la operar no limite da exaustão. Quando finda o ano, parece-nos que se esvaem também os últimos sopros dessa esperança. Mas é justamente nessa hora simbólica que entra em jogo "o milagre da renovação e tudo começa outra vez". Antigos desejos são despertados, novos sonhos vão se esboçando em projetos que se lançam ao mistério do porvir. Novas energias indistintas começam a se movimentar em cada um de nós e nos impulsionam, corpo e mente, à ação. Eis que a vida pode ser resumida a esse desejo, esse constante desejo de agir, que se renova a cada ano e que nos move rumo ao desconhecido, ou ao que chamamos de realização, ou felicidade.

Nesta noite solene e festiva, celebramos e vivenciamos esse fenômeno mágico da existência, que é, a um só tempo, o fim e o início. Finda, no entanto, mais que a fatia de um ano, fecha-se um ciclo. A AGL celebra hoje seu 4º aniversário.

Quando encetamos nossa jornada, eufóricos e ansiosos, ouvimos na noite da instalação solene as graves e generosas palavras do Prof. Luiz Fernando Ribeiro Soutelo, Vice-Presidente do Conselho Estadual de Cultura, que afirmava ser a AGL uma instituição promissora, que canalizaria ações de desenvolvimento cultural da região, que trazia para si, naquele momento, a grande responsabilidade de ter sido a pioneira das academias de letras no interior de Sergipe e que, justamente por isso, tinha pela frente uma grande missão. Conforme afirmamos no discurso inaugural, éramos pequenos, mas alimentávamos grandes sonhos. Hoje, aquele nosso sonho, de fato, agigantou-se e se solidifica a cada passo. É ele que, com seus generosos frutos, nos alimenta agora. 

No instante primeiro, o confronto entre o que éramos e o que pretendíamos ser nos impulsionou à ação. Parafraseando os versos da Patronesse da cadeira que ocupo, a querida Iara Vieira, citados naquele momento: o segredo de nossa força estava contido em nossas asas, prestes a nos fazer decolar. O mistério era o nosso desejo latente de agir: o sonho de vermos florescerem as letras de nossa terra, de reavivarmos sua memória cultural, de oferecermos a todos quantos queiram o acesso aos bens tangíveis e intangíveis de nosso lugar, de revelarmos nossa riqueza, de nos convertermos em instrumentos para a transformação da realidade, quase sempre adversa. Assim surgiu a AGL e assim, firmemente mantendo esses propósitos, chegamos até aqui.

Somos imensamente agradecidos a todos que, de uma forma ou de outra, concorreram para que lográssemos êxito em nossas empreitadas. Sou profundamente agradecido aos meus pares, confrades e confreiras do núcleo fundador da Academia Gloriense de Letras, por me terem confiado a magna missão de conduzir nossas ações durante esses quatro anos. Guardarei, indefinidamente, a alegria de ter tido o privilégio de participar dos primeiros momentos dessa agremiação literária que se tornou um marco para a história cultural de Nossa Senhora da Glória e uma referência relevante para o expressivo cenário de efervescência cultural que o estado de Sergipe experimenta, desde o nascimento da nossa querida AGL. Estimulou-se o surgimento de outras academias no interior de Sergipe, que hoje conta com mais de 15 entidades congêneres, impulsionou-se o mercado editorial da região e foram diversificadas as ofertas de eventos culturais para os sertanejos. Resta-nos, assim, a certeza de termos nos dedicado a cumprir um "bom combate".

Mas, como disse, o fenômeno que vivemos na noite de hoje é, ao mesmo tempo, o arremate e a abertura, fecha-se um ciclo, renova-se a esperança, inaugura-se a nova jornada.

A AGL se regozija de ter acolhido em seu seio novos e preciosos membros ao longo de sua trajetória. No início, éramos oito; hoje, somos vinte e cinco confrades e confreiras congregados em torno dos mesmos propósitos. E é dessa renovação de nosso corpo acadêmico que emergem aqueles que, abraçando nosso sonho inicial, nos conduzirão durante os próximos anos rumo à consecução dos nossos fins.

Alegra-nos a certeza de que a AGL estará em cuidadosas, talentosas e dedicadas mãos.

Mãos de quem muito já tem feito pelo nosso Sodalício,

mãos de quem muito há de fazer pelo nosso sonho:

as de Lucas Lamonier, mãos da fé e da dedicação que tecem poesias e amizades pelo mundo;

as de Cacia Valeria, mãos das indagações que sondam os mistérios do sertão,

as de Kelber Rodrigues, mãos da solidariedade e amizade que contagiam os versos;

as de Joelino Dantas, mãos que fazem emergir das cinzas um grito de esperança;

as de André Luis, mãos do sonho de poeta em permanente busca;

as de Rossemágne Alves, mãos do esporte, da fé e dos versos;

as humildes mãos que quem apenas busca amor, amigos e poesia;

e as de Carlos Alexandre, mãos de dedicação e entusiasmo, que fazem brotar literatura das terras áridas do sertão.

A AGL estará sim em boas mãos.

VIDA LONGA À AGL!